Drones, drones e mais drones Drones, drones e mais drones

Drones, drones e mais drones

23.07.2020

 O drone entrou na produção de vídeo de cabeça. Faz pouco tempo - na verdade, tudo nesse mercado faz pouco tempo - que ele veio se popularizando e baixando preço. Em meados de 2013-14  o drone veio junto com as câmeras mirrorless e se instalou. Sempre impressionou levantar um drone e até hoje impressiona muita gente e, muitas vezes, ela é a única ferramenta  de produção.  Mas enquanto eu me divertia, fazia imagens impossíveis, sempre me questionava:

“Estamos usando isso direito?”

Nesse meio surgem modas o tempo todo e algumas duram mais que outras. As vezes são movimentos de câmera, as vezes são lentes e formas de focar um objeto. Sempre tem as transições e tratamentos de cores da moda. Eu incluo o exesso e glorificação do drone nessas categorias.

Todos os takes devem servir a história. 

Não diria apenas "todos os takes", mas todos os sons, transições, textos e animações. Tudo isso serve uma história, um objetivo.

Claro que a beleza , o impressionante e o encanto é fundamental, afinal, ela contribui com o prazer de assistir. Mas mesmo assim ela deve servir uma história, caso contrario, corremos o risco de ser usar uma imagem bela sem atribuir significados e experiências, atingindo um objetivo pobre.

As imagens de drones podem servir diversos propósitos: trazer localização, mostrar dimensão, transição de tempo, transição de tema, repiro, entre mil outras coisas. Mas se ele é usado constantemente, perde o valor. Como diversos outros recursos.

Claro que, nós, aqui na produtora, usamos  e nos divertimos filmando, mas o cuidado é exatamente esse: usar os recursos afim de transmitir uma mensagem, uma ideia. Porque  num mundo onde tudo é Épico, nada é Épico, e é esquecido no momento seguinte.

O objetivo de uma produção é sempre transmitir essa ideia. Deve causar uma mudança no espectador. Por isso, todos os recursos disponíveis devem servir esse objetivo. As imagens aereas em excesso estão na moda e muitas vezes acabam servindo mais para impressionar o contratante do projeto que cumprir o objetivo final da produção.

A ideia é que, quanto mais se usa um recurso (um trilho, uma transição, um drone...) mais ele se banaliza e perde valor. Dayvid Fincher é um exemplo de uso extremamento pontual de close-ups de detalhes em praticamente todos os seus filmes  (Fight Club, Gone Girl, The GIrl with Dragon Tattoo, The Network,  Seven, Zodiac... nas séries House of Cards, Mindhunter... fica aí aliás uma excelente lista de recomendações) . Enfim, o que eu estava falando mesmo?... Ah tá, Fincher usa esses detalhes tão pouco que, quando usa, se distoa  de todo o resto, agregando muito mais valor do que se ele tivesse usado milhares de Closeups anteriormente.

Essa é a ideia: quanto menos vezes você "gasta" o take do drone, mais valor ele adquire na expêriencia como um todo.

Normalmente, quando eu estou em um processo de edições, seleciono em ordem qual imagem está mais interessante - o que, a primeira vista, é um pouco difícil. porque facilmente você vai ter 10 takes lindões. E seguindo a teoria do menos é mais... se eu escolher os três, dois ou apenas um único shot que é o melhor, aquela imagem vai ter mais valor do que todos os outros em sequência. 

Mas é cláro, sempre existem exceções . 

Filipe G. Menck

@filipemenck

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